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sábado, 22 de março de 2008

DA FONTE À PROVIDÊNCIA


Quando mais nova, fui matriculada no antigo e tradicional Colégio da Divina Providência, no Ahú de Baixo. O ano era 1996. Eu, então com 10 anos, estava a cursar a 5ª série.
A nova escola revelava para mim,
uma aluna recém transferida de uma escolinha bairrista perdida nas entranhas do Boa Vista, uma realidade curiosa a cada dia.
Dali, o que mais impressionava eram as particularidades do espaço físico. O Divina Providência quedava onde, nos anos 40 e 50, funcionava o famoso Cassino do Ahú,
a todo fervor e glamour. Em 1952, as irmãs da congregação que dava nome ao colégio compraram o terreno e os imóveis da luxuosa casa de jogos. E instalaram, além da nova sede da instituição de ensino, o lar provincial das freirinhas, chamado de provincialado.
De herança do cassino, restaram, além do pomposo salão e da casa de orações, as instalações de uma piscina olímpica. Nos corredores do colégio, rondavam lendas de que muitos apostadores, após derrotas e falências nos jogos de azar, ali tentaram suicídio. Alguns teriam obtido êxito! Mas, em 1996, a piscina já não mais impelia (tanto!) medo ao imaginário das criancinhas divinenses: estava vazia e desativada havia mais de 15 anos.

A minha curiosidade, porém, era deveras instigada por um outro lugar do colégio. Tratava-se de uma espécie de manancial coletivo; era cercado por uma mui antiga construção com altas janelas, adornada por azulejos em sua face externa, que formavam um grande painel com a imagem de dois índios bebendo água de uma nascente. De dentro daquela estrutura, saía uma tubulação que, por fim, desembocava em uma bica que jorrava água pura e cristalina.
Durante incontáveis recreios junto à bica, meus pensamentos corriam longe. "Teriam índios também bebido da fonte da Divina Providência"?
As dúvidas da infância só foram, em parte, respondidas quando, alguns anos mais tarde, tive acesso ao 17º fascículo da "Coleção Bairros de Curitiba", de autoria do viajante das entranhas curitibanas, o Urbenauta Eduardo Fenianos.
Em tempo: o título do tal volume? Ahú e São Lourenço: Da Fonte a Providência. Vale a leitura. E digo: não apenas aos ex-freqüentadores do cassino, antigos alunos do Divina ou irmãzinhas do provincialado.

3 comentários:

  1. Poxa Anna.. me mata de orgulho! Vc escreve tão bem, que prende a atenção do leitor e não deixa que ele foque-se em outra coisa que não seja o texto em questão!

    Abiiiga, parabéns!

    Bjo, Daia

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  2. Minina, tu é rápida em atualizar seu blog, hein? Enquanto eu penso no que vou escrever, vc já terminou e de quebra já tá colocando foto! Tô besta!! ;)

    Nossa, bons tempos de Divina! Saudades daquele lugar!
    Não sabia que vc tinha entrado 1 ano antes que eu no Divinão, pensei que estudasse lá desde o jardim.

    É isso aí! Concordo com a Daiana, seu texto prende a atenção do leitor! =)

    Bjoos!!!

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  3. Anna, parabéns!
    Teu blog é lindo e você escreve muito bem.
    Vida longa ao "periodista"!
    Beijo, Ju

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