conteúdos da página PERIÓDICAS: 2022

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

LITERATURA DE NÃO FICÇÃO É TEMA DE OFICINA EM CURITIBA

 Iniciativa busca fomentar o Jornalismo Literário enquanto fazer artístico na cidade


Jornalismo é jornalismo e literatura é literatura. Certo? Nem tanto. Do contrário, não existiria o jornalismo literário, vertente textual que conta as histórias do cotidiano por meio de técnicas narrativas e de recursos estilísticos utilizados em romances, novelas, contos e outras formas literárias pelas quais escrevemos e falamos sobre o mundo.

As particularidades desse gênero serão assunto da oficina on-line “Literatura de não ficção”, com a jornalista e pesquisadora do tema Maura Martins, promovida pela Canô Produções. Os encontros ocorrem nos próximos dias 10, 17 e 24 de outubro (segundas-feiras), sempre das 9h30 às 11h30. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas a partir do endereço linkr.bio/canoproducoes ou pelo perfil da Canô no Instagram. A oficina é gratuita, com vagas limitadas e certificação digital.



O curso busca promover uma introdução à literatura de não ficção, nomenclatura que se refere ao jornalismo literário ou narrativo. A ideia é destrinchar a relação histórica entre a literatura e o jornalismo, os tipos de narrativas de não-ficção e as técnicas mais usadas, discutindo como uma área influencia a outra. Ao longo dos encontros, os participantes serão estimulados a fazer exercícios de escrita a partir dos conteúdos abordados.

Essa é uma ação cultural do projeto “eBook Dinamite: uma tragédia em Curitiba”, realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. No mês passado, o projeto promoveu o lançamento do livro digital de Anna Carolina Azevedo, que narra a história da explosão de um caminhão carregado de dinamite na capital paranaense, no ano de 1976. A obra está disponível para download gratuito nas plataformas Amazon e Kobo e também no endereço linkr.bio/canoproducoes.


Sobre a ministrante


Maura Martins é crítica de TV e literatura, roteirista e professora. Atua como editora do portal Escotilha, roteirista no Meteoro Brasil e colunista no TecMundo. Em 2008, a pesquisadora foi orientadora de “Dinamite: uma tragédia em Curitiba”, projeto defendido como o trabalho de conclusão do curso de Jornalismo de Anna Carolina. Para a autora, a parceria com Maura é um aspecto fundamental na criação da obra, pois, sob sua orientação, foi possível definir escolhas narrativas e estilísticas presentes no corpo do texto.


Serviço:


📌 Oficina “Literatura de não ficção”

Com Maura Martins

Dias 10, 17 e 24 de outubro, das 9h30 às 11h30.

Encontros pela plataforma Zoom.


quarta-feira, 13 de julho de 2022

E A LITERATURA?

Desde 2019 sem edital exclusivo para a área, Fundo Municipal da Cultura não contempla a cena literária de Curitiba


Por Anna Carolina Azevedo

Conselheira Municipal de Cultura pela Regional Boa Vista e

membra do Foro Setorial de Literatura | Curitiba/PR


O Programa de Apoio e Incentivo à Cultura (PAIC), criado e instituído pela Lei Complementar n.º 57 de 2005, é a instância municipal responsável pelos mecanismos de incentivo à produção artística em nossa cidade.


Gerido pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), compete ao PAIC a implementação de editais públicos voltados ao fomento e à difusão de bens culturais nas linguagens de Artes Cênicas (Teatro, Dança, Ópera e Circo), Artes Visuais, Audiovisual, Cinema, Literatura, Música e Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, além de uma categoria única e generalista que contempla Folclore, Artesanato, Cultura Popular e demais Manifestações Culturais Tradicionais.


São dispositivos do PAIC para o apoio e o incentivo a projetos culturais: 1) Fundo Municipal da Cultura, o qual garante a canalização de recursos oriundos da Lei Orçamentária Anual (LDO) destinados ao próprio fundo - em 2022, pouco mais de 0,25% da receita municipal; e 2) Mecenato Subsidiado, o qual autoriza a captação de recursos junto a empresas sediadas em Curitiba, por meio da renúncia fiscal do ISS e do IPTU - de acordo com a LDO 2022, foram destinados R$ 13.550.000,00 ao mecenato.


Os Editais referentes ao Mecenato Subsidiado, nas categorias Iniciante e Não Iniciante, são promovidos anualmente e contemplam projetos nas linguagens artísticas previstas pelo PAIC.


Em relação ao Fundo Municipal, todos os anos são lançados editais de ordens variadas, os quais deveriam, de maneira equânime, contemplar todas as linguagens - das Cênicas ao Folclore. No entanto, isso não vem acontecendo como se deveria esperar. Tome-se, por exemplo, o caso da Literatura.




Os últimos editais do Fundo Municipal exclusivamente voltados à Literatura foram realizados, respectivamente, em 2019 (Edital “Múltiplas Ações em Literatura e Leitura”) e em  2018 (Edital “Incentivo à Leitura”). Ou seja, ao contrário do que ocorre, por exemplo, com as linguagens de Música e Teatro, contempladas com editais anuais, os agentes da cena literária de Curitiba - editores, livreiros, autores, tradutores, oficineiros, bibliotecários, mediadores de leitura, contadores de histórias, slammers, produtores e pesquisadores de ações de Literatura, entre outros - não são beneficiados com editais do fundo há três anos.


O cenário se agrava ainda mais se pensarmos na criação de escritores e escritoras: o “Edital Livre”, de 2015, foi o último que previu, em suas categorias, publicações literárias inéditas. Há, portanto, uma conduta de negligência por parte da Comissão do Fundo Municipal de Cultura em relação às letras curitibanas, seu desenvolvimento e o reconhecimento sociocultural dessa linguagem artística que é e sempre foi destaque em nossa cidade - dos já canônicos Dalton, Leminski e Luci à efervescência de coletivos contemporâneos como o Slam das Gurias, Marianas, Membrana e tantos outros.


O Foro Setorial da Literatura indigna-se ao ver uma nova rodada de editais do Fundo Municipal a serem lançados sem contemplar uma multidão de agentes que atuam por ela na cidade de Curitiba. Outra vez. Por isso, mais do que nunca, cabe a pergunta: Fundação Cultural de Curitiba, e a Literatura?