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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

SURREALISMO

Movimento fez da imaginação o seu princípio artístico


O sonho não pode ser também aplicado
à solução das questões fundamentais da vida?



A frase acima é um fragmento pertencente ao Manifesto do Surrealismo, idealizado pelo poeta e psiquiatra francês André Breton, em 1924, na cidade de Paris. O texto, em sua íntegra, sugere as diretrizes do movimento que fez da espontaneidade psíquica o seu princípio artístico.


O Surrealismo foi uma corrente de vanguarda emergente no período do “entre-guerras” europeu, na década de 20. Permeado pelas teorias freudianas, o movimento revela o papel das manifestações espontâneas do inconsciente na atividade criativa – o chamado automatismo psíquico. A visão artística surrealista se abstém das exigências intelectuais da razão para fazer expressar a imaginação. Nesse antagonismo à lógica e ao domínio da consciência, explora-se a força criativa do subconsciente, por meio da visão fantasiosa sobre aspectos reais, da ênfase no caráter poético e do abandono das formas convencionais de representação.


As manifestações surrealistas emergem como oposição à suposta racionalidade da ciência, da religião e da moral pregada pela sociedade burguesa do início do século XX. O Surrealismo explora a imaginação – parâmetro oposto à racionalidade -, valorizando a livre associação de pensamentos, os sonhos e a força criativa do subconsciente. Nesse aspecto, a corrente surrealista se norteia pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, que mostram a importância do inconsciente na criatividade do ser humano. Para Freud, a psique humana deveria se desprender da lógica racional/intelectual imposta pelos padrões comportamentais e morais da sociedade para, assim, dar vazão aos "ecos" e às manifestações oníricas do inconsciente.


O automatismo psíquico, expressão espontânea de um pensamento não-racional, é um dos princípios nos quais surrealistas se fundamentam quando da criação de suas obras. Outros recursos explorados pelos artistas são o humor e a chamada contra-lógica. Os artistas apresentam trabalhos artísticos que depreciam valores pré-ditados pela burguesia operante, através de devaneios inconscientes da sondagem do mundo interior – portanto, uma visão subjetiva e surreal de uma realidade mensurável.
As principais manifestações surrealistas se encontram nas artes plásticas – sobretudo, na pintura. O mundo concreto foi expresso diante dos livres impulsos do automatismo psíquico. Nas telas, as formalidades reais se aproximam ao fantástico, ganhando contornos imaginários e não-convencionais, permeados pela subjetividade de cada artista.

Expoentes

 O Carnaval de Arlequim - Joan Miró















Joan Miró (1893-1983), artista espanhol, conseguiu agregar características oníricas à realidade estampada em suas obras, conservando o frescor da imaginação alheio ao julgamento intelectual.

Suas telas mostram traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas - embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Maternidade (1924), O Carnaval do Arlequim (1924-25) e Noturno são reconhecidas obras de Miró.


Salvador Dali (1904-1989) é o mais conhecido dos artistas do Surrealismo. Suas obras singulares são facilmente reconhecidas pela combinação de imagens bizarras e oníricas, com excelente qualidade plástica. Criou o conceito de “paranóia critica” para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas. A Persistência da Memória (1931) – cena em que relógios se derretem - é o quadro símbolo da geração.


No cinema, os diretores romperam com o tradicionalismo cinematográfico de até então. Assim como em todas as outras manifestações surrealistas, os ideais da burguesia e de entidades como a Igreja e o Estado são retaliados. A não-continuidade dos enredos é marca da desconstrução da realidade factual, que ganha interpretações e contornos fantasiosos. Dentre os clássicos do gênero destacam-se Um Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930), ambos do diretor Luís Buñuel em parceria com Salvador Dali.




Trailler de Um Cão Andaluz (Un Chien Andalou - 1928).

sexta-feira, 11 de abril de 2008

ENCONTRANDO O INDOMÁVEL

“Há rumores de que um cara está construindo um barco no Bairro Alto”



O assunto já estava em pauta há, pelo menos, duas semanas. Ainda assim, em todo esse tempo, nenhum repórter do Zona Leste havia se deslocado para checar a informação. Alguns colegas de redação estavam, de fato, ocupados com coberturas mais emergenciais. Contudo, um outro contingente, aparentemente disponível, não demonstrou interesse pela pauta. Dessa maneira, a história do barco acabou por ficar na gaveta durante algum tempo – precisamente, desde o dia 25 de março.
Sexta-feira, 4 de abril de 2008, 19h22. Após constatar que a pauta, uma vez mais, não estava nos planos de cobertura da editoria para aquela edição do jornal (nº. 05), decidi conferir a veracidade dos boatos. A minha tarefa: encontrar, em meio à escuridão que já se impunha naquele começo de noite, o tal do morador que estaria construindo uma embarcação.
De imediato, não havia nomes, fontes e, tampouco, endereços precisos que pudessem servir como norteadores para a minha busca. A única informação era a de que o suposto barco estaria ‘ancorado’ em alguma rua próxima à agência do Banco do Brasil – nas imediações da estação-tubo China.
Os dados faltavam, mas a curiosidade, a essa altura, já era grande. Não havia outra opção, portanto, a não ser ‘embrenhar-me’ pelas estranhas do Bairro Alto para encontrar a história. Acionei, então, uma unidade móvel do ZL (leia-se: o carro da minha mãe) e fui em direção à rua José de Oliveira Franco – o endereço da agência bancária.
O próximo passo? Os botecos são sempre ótimas fontes de informação. A vida dos bairros é contada, diariamente, nas mesas dos bares. À primeira vista, nenhum barzinho. Na falta de um, resolvi adentrar em uma vídeo-locadora. Encontrei dois garotos.

- “Boa noite. Por acaso, vocês já ouviram falar de um cara que está construindo um barco aqui por perto”?

-- “Barco?” – um deles indagou – “Ahhh, o Domador”!

Para a minha sorte, logo na primeira abordagem, já havia obtido a confirmação de que a história era verídica. O garoto, então, me repassou as coordenadas do local onde estaria o barco. Antes que eu partisse, no entanto, ele se corrigiu.

-- “Ah, e não é Domador... O nome do barco é Indomável”.

Entrei no carro. Dei meia-volta. Atravessei a principal. Depois de uma quadra, virei à direita. E à direita novamente. Foi quando, em uma ruazinha mal iluminada, eu avistei o Indomável. De primeira impressão, um susto: tratava-se de um barco de ferro (ao contrário do que supunham as minhas expectativas em encontrar uma embarcação de madeira – no melhor estilo ‘a arca de Noé’).
Aliás, no trajeto da faculdade até a locadora, não conseguia imaginar nada além de uma arca construída por um seguidor inveterado das tábulas da Sagrada Lei (vide o filme Todo Poderoso II).
Sem parar de olhar para o barco, bati palmas em frente ao portão daquela casa da rua Adílio Ramos. Fui atendida por uma mulher tímida, que vestia um sobretudo preto. Era Lenir Siqueira. Falei que tinha interesse em saber sobre a construção do veleiro. E, em instantes, já estava à porta o idealizador da embarcação, Pedro Luiz Costa, serralheiro, 45 anos, marido de Lenir.
Fui convidada a entrar e a ouvir a incrível história de um homem que tem por grande desafio pessoal a construção de um barco, a próprio punho. Ao contrário do que eu pensava, não, ele não é movido por medo de um possível dilúvio. A verdadeira inspiração que move Pedro a construir uma embarcação de 29 pés, sob os olhares curiosos de todos os vizinhos, é uma só: ele quer viajar pelos sete mares.


Na última edição do Capital da Notícia Zona Leste, vocês, caros leitores, conheceram um pouco sobre a história do ‘barco do Bairro Alto’. Agora, cabe a vocês acompanharem, de perto – através dos rumores do bairro -, o desfecho dessa história: Pedro conseguirá velejar mundo afora com seu Indomável?

sábado, 5 de abril de 2008

UM BARCO APORTADO NO JARDIM

Morador do Bairro Alto constrói à mão um veleiro para navegar pelos sete mares


Pedro ainda era um garoto quando viu o mar pela primeira vez. Na praia de Itanhaém, litoral paulista, o menino de 7 anos estava sentado à beira-mar, maravilhado com a imensidão do oceano, quando avistou o Arquipélago de Alcatrazes. "Um dia eu vou ter um barco pra chegar até aquela ilha, lá longe". E, em meio ao entusiasmo da criança, surgiu aquele que seria o maior desejo de Pedro Luiz Costa.
Muito tempo depois, sentado à beira de uma represa, também em São Paulo, o mesmo Pedro, agora já mais velho, via que os ocupantes de uma embarcação tinham muito mais sorte na pesca do que ele. Foi quando percebeu que sua pescaria seria mais farta se estivesse, assim como os outros, dentro de um pesqueiro. "Por que eu não construo um barquinho desses"?
Há cerca de um ano e meio, na rua Adílio Ramos, à vista de todos os vizinhos, começou a ser erguida uma embarcação de 29 pés (8,84 metros de comprimento), construída com chapas de aço de três milímetros. Trata-se de Indomável, um veleiro oceânico que tem despertado a curiosidade dos moradores da região.



Pedro e seu veleiro Indomável


O serralheiro Pedro, 45 anos, conta que o projeto do seu Indomável nasceu da vontade de possuir um barco próprio, 15 anos atrás - durante a pescaria com os amigos. Sem condições financeiras, só havia uma saída para ver seu sonho concretizado: construir uma embarcação com as próprias mãos. Passou, então, a descobrir a engenharia náutica, através de revistas e livros especializados. Na internet, buscou projetos para veleiros e encontrou orientação específica em grupos de discussão de construtores amadores.
À medida em que foi adquirindo conhecimento, a idéia da construção do veleiro amadureceu. Em uma de suas consultas, Pedro encontrou o desenho de um veleiro projetado por um russo. O modelo desenvolvido estava disponível gratuitamente a quem quisesse colocá-lo em prática. A partir de março de 2006, com base no plano vélico obtido, deu-se início ao desenvolvimento do projeto da sua embarcação ideal.
Foram horas de trabalho a fio, arquitetando o barco. Depois de seis meses, o desenho do Indomável estava pronto, com suas medidas finais ajustadas e definidas: o veleiro projetado terá peso de 4.200 quilos, três metros de 'boca máxima' (largura), e será propulsionado a velas e por um motor a diesel de 20 HPs. Após a conclusão dos cálculos, Pedro iniciou a montagem do protótipo. Numa escala de 1/10 metros, a maquete, desenvolvida em lâminas de madeira, incluiu cada detalhe do barco: do casco à cabine interna com a cama de casal.
Hoje, Pedro utiliza-se, com perícia, de termos técnicos e demonstra, em suas conversas sobre navegação, o vasto conhecimento teórico obtido com as pesquisas. E o resultado prático de sua diligência está aportado no gramado em frente à sua casa. O imenso Indomável - nome que faz alusão à persistência de Pedro - cresce a cada fim de semana, sob os olhares atentos do construtor, de sua mulher, Lenir Siqueira, 40 anos, e de toda a vizinhança.
O veleiro está 'ancorado' na calçada da rua, do lado de fora do portão da casa de Pedro. E o medo de ser roubado? Ele responde de letra: "se levarem o Indomável, com certeza não vão conseguir passar despercebidos". Se, por um lado, o roubo é uma hipótese não cogitada, por outro, o vandalismo é fato presente. A embarcação já foi alvo, por duas ocasiões, de pichações na lataria. A mesma carcaça de aço é alvo, também, da ação da ferrugem e da corrosão. Mas, segundo o serralheiro, esses fatores externos já eram previstos e, por isso, não acrescentam valores extras à execução da empreitada.
De acordo com as planilhas de custo, o gasto total do projeto é estimado em R$ 30 mil - incluindo decoração de interiores e eletroeletrônicos. Para Pedro, uma economia e tanto. "Construir um barco, geralmente, é muito mais caro do que comprar um barco finalizado". De fato: a construção de um veleiro Multishine 28 (um dos mais renomados do ramo náutico) custaria entre R$ 220 e 250 mil reais; um modelo novo, idêntico ao barco, é vendido por 200 mil; já uma embarcação com 30 anos de uso não seria vendida por menos de 80 mil. A construção do Indomável, no entanto, deverá custar apenas 12% do valor de mercado da construção de uma embarcação similar. "Isso só prova que é possível montar um barco mesmo sem muito dinheiro".
Pedro espera que o seu veleiro esteja finalizado até o fim de 2009 - já com toda a estrutura de embarcação (casco, velas, mastros, motor e interiores). Após a finalização, o Indomável deverá passar por uma vistoria técnica, realizada pela Marinha do Brasil, que autorizará - ou não - sua circulação marítima (através de um certificado de arqueação). Só então Pedro, acompanhado da esposa, poderá concretizar a utopia que nasceu naquela praia de São Paulo. "Quero velejar atrás da liberdade. O meu barco vai ser pequeno, mas o meu quintal vai ser o mundo".

segunda-feira, 31 de março de 2008

NO BAIRRO ALTO, ACIDENTE ASSUSTA MORADORES


O motociclista foi atendido ainda no local e levado para o Hospital Cajuru


Quem passava pelas imediações do cruzamento entre as ruas Alberico Flores Bueno e Rio Guaporé, por volta das 18:40 do último dia 28, possivelmente se assustou ao ver um corpo estendido na calçada.
Uma colisão entre uma motocicleta vermelha modelo Twister - placa de Quatro Barras - e uma camioneta pick-up Corsa ST cinza deixou ferido o motociclista Marcelo Andrade da Silva, 28 anos.
Tão pronto à batida, os ocupantes do carro, guiado por Osório Santos, acionaram o Corpo de Bombeiros, para o socorro ao condutor da moto, que estava estirado no chão.
No entanto, somente 35 minutos após o primeiro chamado, a viatura do SIATE chegou. “Esse SIATE é uma vergonha mesmo”, reclamava um morador, vizinho ao local do choque entre os veículos.
De acordo com um dos socorristas da ambulância, a demora se deveu ao atendimento a um outro acidente também registrado na região. “A viatura responsável pela cobertura do bairro estava cobrindo uma outra ocorrência, por isso o atraso”.
O motociclista sofreu contusões nos punhos e tornozelos, além de escoriações pelo corpo. “E não avisa pra minha família, tá? Não quero assustar ninguém”, comentou, antes de ser encaminhado para o Hospital Cajuru.

terça-feira, 25 de março de 2008

PINHAIS SE FORTALECE COMO MUNICÍPIO

Desenvolvimento da cidade acompanha ao crescimento de sua população


O município de Pinhais completou, no último dia 20/03, 16 anos de emancipação política. Nesse curto período de consolidação econômica, social e administrativa, a cidade se desenvolveu. Antigo distrito de Piraquara, hoje Pinhais concentra importantes centros de atividade industrial, prestadores de serviço dos três setores econômicos, e ainda atrai grande número de migrantes.
De acordo com a contagem oficial realizada em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município – menor em área territorial no Paraná - possui população aproximada a 112.038 habitantes. Apesar do elevado índice populacional, somente 50% da área total de Pinhais é urbanizada. A outra metade corresponde a vazios demográficos, nos quais não existe povoamento. Com isso, a população pinhaense concentra-se maciçamente nas áreas urbanas do município – o que reflete a alta densidade demográfica nessas regiões da cidade.
Para Daniele Nauck Baduy, diretora do Departamento de Desenvolvimento Urbano (repartição da Secretaria Municipal de Planejamento), o considerável número de habitantes em Pinhais é reflexo do incremento populacional registrado entre 1980 e 1990. “A cidade passou a ser mais povoada graças ao desenvolvimento urbano da região”, explica.
O crescimento do município, de fato, acompanhou o aumento gradativo da população. “Quando eu vim morar aqui, as ruas eram todas esburacadas e mal tinha ônibus”, recorda Marliza Rodrigues. Ela, professora da rede municipal de ensino, mudou-se para Pinhais há 15 anos, junto com sua família. Na época, o comércio era pouco desenvolvido, assim como a rede de transporte coletivo.
“Mudou muita coisa. Esse terminal sequer existia”. As lembranças são de Jandira Iurkiv, proprietária de uma das maiores lojas do Terminal Rodoviário de Pinhais. Há sete anos, ela abriu seu magazine de roupas no local e não se arrepende. “Todos os dias, muita gente passa pelo terminal e a maioria vive aqui mesmo na cidade”, comenta a lojista.


Avenida Camilo de Lellis: centro de concentração do comércio de Pinhais


A população movimenta o comércio, que se estende pelas principais avenidas da cidade – Camilo de Lellis ou Iraí, por exemplo. Ao contrário de tempos passados – quando Pinhais atraía exclusivamente indústrias -, o atual perfil econômico é voltado para os serviços de segundo e terceiro setores. Produção industrial e comércio varejista fazem do município a 12ª economia do Paraná. Além disso, em Pinhais registra-se o maior índice de empregabilidade do estado.
O mobiliário urbano bem como outros aparatos municipais atingem à maioria da população. Porém, a estrutura pública não se mostra suficiente para comportar todos os habitantes – vide os vários casos de lotação em unidades de saúde.
“O ideal é uma utopia. Ainda sofremos com deficiências, mas a cidade está acompanhando as necessidades da população”, argumenta Baduy. Para ela, ainda que haja falhas e limitações no sistema, Pinhais consegue atender a seus muitos moradores.

sábado, 22 de março de 2008

MAIS DO FESTIVAL




Os romances realistas de Machado de Assis primam pela vitalícia contemporaneidade. Helena, obra de 1876, consegue responder a questões da sociedade moderna, em uma teia de articulações e relações humanas vividas há mais de um século.
O conflito do incesto, retratado no enredo, abala os paradigmas sociais e familiares da época, mas também consegue fomentar análises e reflexões atuais.
Cultuando os cem anos da morte de Machado de Assis, o Teatro Marina Machado reverencia o autor com Helena, espetáculo baseado no romance.

HELENA
Local: Teatro Marina Machado
Rua Amintas de Barros, 549
Dias 21, 22, 23, 27, 28, 29 e 30, às 21 h