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sexta-feira, 11 de abril de 2008

ENCONTRANDO O INDOMÁVEL

“Há rumores de que um cara está construindo um barco no Bairro Alto”



O assunto já estava em pauta há, pelo menos, duas semanas. Ainda assim, em todo esse tempo, nenhum repórter do Zona Leste havia se deslocado para checar a informação. Alguns colegas de redação estavam, de fato, ocupados com coberturas mais emergenciais. Contudo, um outro contingente, aparentemente disponível, não demonstrou interesse pela pauta. Dessa maneira, a história do barco acabou por ficar na gaveta durante algum tempo – precisamente, desde o dia 25 de março.
Sexta-feira, 4 de abril de 2008, 19h22. Após constatar que a pauta, uma vez mais, não estava nos planos de cobertura da editoria para aquela edição do jornal (nº. 05), decidi conferir a veracidade dos boatos. A minha tarefa: encontrar, em meio à escuridão que já se impunha naquele começo de noite, o tal do morador que estaria construindo uma embarcação.
De imediato, não havia nomes, fontes e, tampouco, endereços precisos que pudessem servir como norteadores para a minha busca. A única informação era a de que o suposto barco estaria ‘ancorado’ em alguma rua próxima à agência do Banco do Brasil – nas imediações da estação-tubo China.
Os dados faltavam, mas a curiosidade, a essa altura, já era grande. Não havia outra opção, portanto, a não ser ‘embrenhar-me’ pelas estranhas do Bairro Alto para encontrar a história. Acionei, então, uma unidade móvel do ZL (leia-se: o carro da minha mãe) e fui em direção à rua José de Oliveira Franco – o endereço da agência bancária.
O próximo passo? Os botecos são sempre ótimas fontes de informação. A vida dos bairros é contada, diariamente, nas mesas dos bares. À primeira vista, nenhum barzinho. Na falta de um, resolvi adentrar em uma vídeo-locadora. Encontrei dois garotos.

- “Boa noite. Por acaso, vocês já ouviram falar de um cara que está construindo um barco aqui por perto”?

-- “Barco?” – um deles indagou – “Ahhh, o Domador”!

Para a minha sorte, logo na primeira abordagem, já havia obtido a confirmação de que a história era verídica. O garoto, então, me repassou as coordenadas do local onde estaria o barco. Antes que eu partisse, no entanto, ele se corrigiu.

-- “Ah, e não é Domador... O nome do barco é Indomável”.

Entrei no carro. Dei meia-volta. Atravessei a principal. Depois de uma quadra, virei à direita. E à direita novamente. Foi quando, em uma ruazinha mal iluminada, eu avistei o Indomável. De primeira impressão, um susto: tratava-se de um barco de ferro (ao contrário do que supunham as minhas expectativas em encontrar uma embarcação de madeira – no melhor estilo ‘a arca de Noé’).
Aliás, no trajeto da faculdade até a locadora, não conseguia imaginar nada além de uma arca construída por um seguidor inveterado das tábulas da Sagrada Lei (vide o filme Todo Poderoso II).
Sem parar de olhar para o barco, bati palmas em frente ao portão daquela casa da rua Adílio Ramos. Fui atendida por uma mulher tímida, que vestia um sobretudo preto. Era Lenir Siqueira. Falei que tinha interesse em saber sobre a construção do veleiro. E, em instantes, já estava à porta o idealizador da embarcação, Pedro Luiz Costa, serralheiro, 45 anos, marido de Lenir.
Fui convidada a entrar e a ouvir a incrível história de um homem que tem por grande desafio pessoal a construção de um barco, a próprio punho. Ao contrário do que eu pensava, não, ele não é movido por medo de um possível dilúvio. A verdadeira inspiração que move Pedro a construir uma embarcação de 29 pés, sob os olhares curiosos de todos os vizinhos, é uma só: ele quer viajar pelos sete mares.


Na última edição do Capital da Notícia Zona Leste, vocês, caros leitores, conheceram um pouco sobre a história do ‘barco do Bairro Alto’. Agora, cabe a vocês acompanharem, de perto – através dos rumores do bairro -, o desfecho dessa história: Pedro conseguirá velejar mundo afora com seu Indomável?

3 comentários:

  1. Ratificando "ARca e n�o Barca de N�e" mas o Indomavel me impressionou...no tamanho e como estava ancorado...dava muito medo...ali�s a Unidade Fox citada acima estar� sempre disponivellll
    beijos
    Su

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  2. Confesso que eu já conhecia essa parte da história do Indomável mas... mesmo assim... me prendo - de novo - no seu texto!

    Não sei como você consegue perceber cada detalhe... e lembrar de todos eles alguns dias depois quando você decide escrever...

    E ainda tem coragem de dizer que não nasceu pro Jornalismo... se não é você não sei quem nasceu então!

    Espero ter mais notícias do Indomável por aí...e ver o final dessa história!

    Beijão.

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  3. Será que vamos ficar duas semanas sem atualização?
    Acho que sim :(

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