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sexta-feira, 25 de maio de 2012

A CATARSE HERMANA EM CURITIBA

Em noite inspirada, quarteto toca os grandes sucessos e arrebata a multidão



Antes tarde do que ainda mais tarde, decidi registrar minhas impressões sobre a mais do que esperada e já memorável apresentação do Los Hermanos no festival Lupaluna, em Curitiba, na última sexta-feira (18). Ou melhor: no irromper da madrugada de sábado (19), pois passava da meia-noite quando os músicos subiram ao palco LunaStage para levar ao delírio os milhares de fãs saudosos da banda, que não se apresentava na capital paranaense desde 2006.
         Embora eu tenha evitado conferir o setlist que rolou nas outras cidades pelas quais a turnê em comemoração aos 15 anos de trajetória dos Hermanos até então tinha passado, não resisti à tentação de passar a tarde de sexta ouvindo o registro do show na Fundição Progresso (Sony BMG, 2007). Com isso, acabei meio que prevendo o repertório reservado para o show no Bioparque – afinal, ainda que se concentre no álbum 4 (Sony BMG, 2005), a seleção do dvd resume bem a história musical do bloco de Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba.
         Apesar da minha torcida (que, em si, já esperava por uma noite, no mínimo, inesquecível), eu não imaginava que o show seria ainda mais surreal do que as minhas expectativas – sem exagero. O Los Hermanos correspondeu à devoção apaixonada da plateia, que não precisou de mais do que os dois primeiros acordes de “O Vencedor” para deixar claro que acompanharia a banda por toda a apresentação, mesmo sob o frio e o sereno curitibanos.
         Depois de um hiato que se prolongava desde a última apresentação dos barbudos, no festival SWU, em 2010, o grupo se mostrou entrosado e muito afim de estar ali, tocando e curtindo a noite, o público e as músicas. A seleção do repertório, os acordes afinados e a dedicação em fazer um bom show consolidaram ainda mais o pensamento de que eu estava diante de um concerto ímpar.

Depois de quase seis anos sem tocar na capital paranaense, o Los Hermanos voltou a Curitiba para fazer uma apresentação memorável. Foto: Lupaluna 2012 (Divulgação)

         Ao todo, foram 19 canções executadas, acompanhadas pelos músicos de apoio (Bubu: trompete; Mauro Zacharias: trombone; Índio: saxofone e clarineta e Gabriel Bubu: baixo, guitarra e voz) e cantadas em uníssono pelo público. Com oito de suas 15 faixas, não foi de se espantar que o álbum Ventura (BMG, 2003) tenha dominado o setlist apresentado no show de Curitiba (o mais curto da turnê, diga-se), afinal é considerado por muitos fãs – inclusive por mim – o mais completo da banda.
         A surpresa (ou nem tão surpresa assim, vide o próprio Fundição Progresso) foi a execução de quatro canções em sequência do álbum de estreia, Los Hermanos (Abril Music, 1999), iniciada pelo megahit “Anna Julia” - que catapultou o quarteto no cenário musical brasileiro e que, durante algum tempo, fora deixada de lado pelo grupo. De Bloco do Eu Sozinho (Abril Music, 2001) e 4, apenas os clássicos: “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, “A Flor” e Sentimental (senti falta de "Casa Pré-Fabricada"); “O Vento”, “Morena” e “Condicional”, respectivamente. E antes que pensem que eu errei nas contas, na sequência das introspectivas rolou “Descoberta”, também do primeiro álbum.
         Dentre tantos momentos marcantes no show do Los Hermanos, eu destacaria os já tradicionais confetes e serpentinas que voaram tão logo Camelo entoou os versos do melancólico fim do carnaval, a catarse coletiva em “Sentimental”, “Conversa de Botas Batidas” e "Último Romance" e o momento em que Rodrigo Amarante pulou do palco para, junto aos fãs, cantar “Quem Sabe”. Apoteótico! Isso sem deixar de citar a cumplicidade entre a dupla de compositores e vocalistas, seja trocando olhares, notas e sorrisos, seja interagindo entre si e com os outros integrantes, o baterista Barba e o tecladista Medina (que, em seu twitter, chegou a lamentar a distância do público em relação ao palco).

Bruno Medina (no detalhe), o "quinto hermano" Gabriel Bubu, Camelo - em uma das músicas em que toca baixo - e Amarante no vocal. Foto: Lupaluna 2012 (Divulgação)

         Tenho a impressão de que a apresentação dos Hermanos apesar de curta foi a melhor do festival e olha que eles pouco interagiram com o público. E digo isso não apenas por razões pessoais e "catárticas"; o espetáculo foi musicalmente impecável, além de surreal para os fãs. Ao final de apenas 1h15 de show, ficou a certeza de que a maioria dos espectadores da plateia do LunaStage esteve ali para acompanhar o quarteto, talvez a banda mais representativa do rock brasileiro da década de 2000. Ficou, ainda, a sensação de que esse será um daqueles shows inesquecíveis na vida de quem a ele assistiu. E cantou. E pulou. E se emocionou. "Assim é que se faz"!

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