Pois lembrei-me de quando eu descobri que os
meus nomes do meio, Carolina Ulandovski, viravam C.U. quando abreviados – e
do quanto isso podia ser pejorativo. Primeiro, há de se enfatizar o hábito que
se tem de abreviar o nome das pessoas - seja por falta de espaço (ora, se não
há lugar suficiente para escrevê-los por inteiro, que se abreviem os
pós-nomes), seja por pura preguiça. O meu caso? Anna C.U. Azevedo. Sim; o meu
nome oficial no boletim da pré-escola, na carteirinha do clube, no grupo
escoteiro, no cartão transporte e até mesmo no cartão da minha conta bancária!
Decerto, Sueli Regina (vulgo mãe) não estava atenta a esse detalhe tão
imprescindível quando foi me registrar.
Enfim,
a pequena Anna estava na 2ª série. Ao fim do bimestre, a professora entregava
aos pais um envelope com todas as atividades que o aluno desenvolvera naquele
período. Fui para casa, feliz e orgulhosa com o meu envelope em mãos, na ânsia
de mostrar os trabalhinhos à Sueli. Na frente do envelope, um coelho com
bolinhas de crepom. E um Anna C. U. bem vistoso, escrito com caneta
hidrográfica em letras cursivas. No auge da minha inocência pueril,
eu não tinha percebido nenhum problema. Tinha até achado a letra da professora
linda! Mas, quando cheguei em casa, a dura realidade: duas tias minhas
começaram a rir do meu C.U. à mostra. E a pobre da criança sem saber o porquê –
afinal, se eu sequer sabia o significado do cu comum a todos, quem dirá eu entenderia
a relação entre ele e o meu C.U.?
A
partir daquele dia, passei a conhecer a imensidão de piadinhas que uma pessoa
que tem um C.U. no meio do nome tem de ouvir durante a vida. Mas, se antes eu
escondia, hoje não tenho o menor pudor: sou Anna C.U. com muito amor.