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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

UFANIA


As histórias são as mesmas e se repetem a cada vez em que o gravador da ufania insiste em reproduzir os ecos do passado. Lembranças saudosistas (ah, as velhas lembranças!) povoam o imaginário dos que procuram nas linhas anacrônicas da existência o consolo para o medo do porvir. A incerteza de que o “tempo bom” jamais retorne é um poço profundo: prostra no pretérito quem não se surpreende com o presente.

Velhos tempos... “Os anos mais felizes”. Assim sempre serão; pelo menos, àqueles que se frustram diante do novo ininterrupto. Repetições se prolongam: “aquele brinquedo”, “aquele professor”, “aquele amor”, e “aquele brinquedo” e “aquele professor” e “aquele amor”. O gosto da novidade não está nos lábios de quem se afoga nos sabores do mais do mesmo.

Por que não “este amor”? Este tempo (o avanço das tecnologias, a cura para as doenças, a consolidação da democracia, a liberdade de expressão e tantos outros adventos de uma nova era) é o tempo que passa despercebido nas rodas e cirandas permeadas por um suposto “mais-que-perfeito”. Aliás, muitas vezes, tão ou mais imperfeito quanto o agora.

Ah, as velhas lembranças... Ilusórias, fecham os olhos para o colorido do hoje, do amanhã, do depois. O inesperado sempre está adiante, ao alcance das mãos do contemporâneo e satisfeito. Mas talvez não à vista dos ufanistas do passado. Saudosistas eternos: A MEMÓRIA É UM AFAGO À CONSCIÊNCIA ENTERRADA NO ONTEM.