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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

LITERATURA DE NÃO FICÇÃO É TEMA DE OFICINA EM CURITIBA

 Iniciativa busca fomentar o Jornalismo Literário enquanto fazer artístico na cidade


Jornalismo é jornalismo e literatura é literatura. Certo? Nem tanto. Do contrário, não existiria o jornalismo literário, vertente textual que conta as histórias do cotidiano por meio de técnicas narrativas e de recursos estilísticos utilizados em romances, novelas, contos e outras formas literárias pelas quais escrevemos e falamos sobre o mundo.

As particularidades desse gênero serão assunto da oficina on-line “Literatura de não ficção”, com a jornalista e pesquisadora do tema Maura Martins, promovida pela Canô Produções. Os encontros ocorrem nos próximos dias 10, 17 e 24 de outubro (segundas-feiras), sempre das 9h30 às 11h30. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas a partir do endereço linkr.bio/canoproducoes ou pelo perfil da Canô no Instagram. A oficina é gratuita, com vagas limitadas e certificação digital.



O curso busca promover uma introdução à literatura de não ficção, nomenclatura que se refere ao jornalismo literário ou narrativo. A ideia é destrinchar a relação histórica entre a literatura e o jornalismo, os tipos de narrativas de não-ficção e as técnicas mais usadas, discutindo como uma área influencia a outra. Ao longo dos encontros, os participantes serão estimulados a fazer exercícios de escrita a partir dos conteúdos abordados.

Essa é uma ação cultural do projeto “eBook Dinamite: uma tragédia em Curitiba”, realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. No mês passado, o projeto promoveu o lançamento do livro digital de Anna Carolina Azevedo, que narra a história da explosão de um caminhão carregado de dinamite na capital paranaense, no ano de 1976. A obra está disponível para download gratuito nas plataformas Amazon e Kobo e também no endereço linkr.bio/canoproducoes.


Sobre a ministrante


Maura Martins é crítica de TV e literatura, roteirista e professora. Atua como editora do portal Escotilha, roteirista no Meteoro Brasil e colunista no TecMundo. Em 2008, a pesquisadora foi orientadora de “Dinamite: uma tragédia em Curitiba”, projeto defendido como o trabalho de conclusão do curso de Jornalismo de Anna Carolina. Para a autora, a parceria com Maura é um aspecto fundamental na criação da obra, pois, sob sua orientação, foi possível definir escolhas narrativas e estilísticas presentes no corpo do texto.


Serviço:


📌 Oficina “Literatura de não ficção”

Com Maura Martins

Dias 10, 17 e 24 de outubro, das 9h30 às 11h30.

Encontros pela plataforma Zoom.


quarta-feira, 13 de julho de 2022

E A LITERATURA?

Desde 2019 sem edital exclusivo para a área, Fundo Municipal da Cultura não contempla a cena literária de Curitiba


Por Anna Carolina Azevedo

Conselheira Municipal de Cultura pela Regional Boa Vista e

membra do Foro Setorial de Literatura | Curitiba/PR


O Programa de Apoio e Incentivo à Cultura (PAIC), criado e instituído pela Lei Complementar n.º 57 de 2005, é a instância municipal responsável pelos mecanismos de incentivo à produção artística em nossa cidade.


Gerido pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), compete ao PAIC a implementação de editais públicos voltados ao fomento e à difusão de bens culturais nas linguagens de Artes Cênicas (Teatro, Dança, Ópera e Circo), Artes Visuais, Audiovisual, Cinema, Literatura, Música e Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, além de uma categoria única e generalista que contempla Folclore, Artesanato, Cultura Popular e demais Manifestações Culturais Tradicionais.


São dispositivos do PAIC para o apoio e o incentivo a projetos culturais: 1) Fundo Municipal da Cultura, o qual garante a canalização de recursos oriundos da Lei Orçamentária Anual (LDO) destinados ao próprio fundo - em 2022, pouco mais de 0,25% da receita municipal; e 2) Mecenato Subsidiado, o qual autoriza a captação de recursos junto a empresas sediadas em Curitiba, por meio da renúncia fiscal do ISS e do IPTU - de acordo com a LDO 2022, foram destinados R$ 13.550.000,00 ao mecenato.


Os Editais referentes ao Mecenato Subsidiado, nas categorias Iniciante e Não Iniciante, são promovidos anualmente e contemplam projetos nas linguagens artísticas previstas pelo PAIC.


Em relação ao Fundo Municipal, todos os anos são lançados editais de ordens variadas, os quais deveriam, de maneira equânime, contemplar todas as linguagens - das Cênicas ao Folclore. No entanto, isso não vem acontecendo como se deveria esperar. Tome-se, por exemplo, o caso da Literatura.




Os últimos editais do Fundo Municipal exclusivamente voltados à Literatura foram realizados, respectivamente, em 2019 (Edital “Múltiplas Ações em Literatura e Leitura”) e em  2018 (Edital “Incentivo à Leitura”). Ou seja, ao contrário do que ocorre, por exemplo, com as linguagens de Música e Teatro, contempladas com editais anuais, os agentes da cena literária de Curitiba - editores, livreiros, autores, tradutores, oficineiros, bibliotecários, mediadores de leitura, contadores de histórias, slammers, produtores e pesquisadores de ações de Literatura, entre outros - não são beneficiados com editais do fundo há três anos.


O cenário se agrava ainda mais se pensarmos na criação de escritores e escritoras: o “Edital Livre”, de 2015, foi o último que previu, em suas categorias, publicações literárias inéditas. Há, portanto, uma conduta de negligência por parte da Comissão do Fundo Municipal de Cultura em relação às letras curitibanas, seu desenvolvimento e o reconhecimento sociocultural dessa linguagem artística que é e sempre foi destaque em nossa cidade - dos já canônicos Dalton, Leminski e Luci à efervescência de coletivos contemporâneos como o Slam das Gurias, Marianas, Membrana e tantos outros.


O Foro Setorial da Literatura indigna-se ao ver uma nova rodada de editais do Fundo Municipal a serem lançados sem contemplar uma multidão de agentes que atuam por ela na cidade de Curitiba. Outra vez. Por isso, mais do que nunca, cabe a pergunta: Fundação Cultural de Curitiba, e a Literatura?

segunda-feira, 25 de abril de 2016

DA PODRIDÃO, FAZ-SE PINHEIROS E PRECIPÍCIOS

Espetáculo curitibano coloca em cena uma cidade à beira do abismo e os traços biográficos de Wilson Bueno


Stéfano Belo, no tortuoso papel de Bueno, é um dos destaques no espetáculo. Foto: Humberto Araujo/Clix.

Curitiba, meu amor, nós estamos predestinados.
Estamos predestinados ao seu falso luxo, ao seu lixo, às suas rixas, às suas bichas. Aos seus clichês. Aos seus últimos michês.
Nosso amor, meu amor, está oculto, no entanto, sob uma redoma de esteriótipos. De falsos-títulos. De falsos-moralismos. Ao invés de nos assumirmos amantes, devassas, prostramo-nos (ou, pelo menos, fingimos nos prostrar) estáveis tais quais pinheiros. Estanques. Estancados.
Por que nos acovardamos, travestidos em papéis que não são os nossos? Por que o ódio à atriz, se atuamos todos nós nessa terra de disfarces? Por que o julgamento, se estamos todos diante da sarjeta?
Em vida, Wilson Bueno não se acovardou. Optou por flertar com o precipício e fez de sua obra um “diário vagal” – ou a poética do fracasso –, destituído de qualquer idealização ou etiqueta sobre essa cidade de aparências. Uma cidade para a qual não há salvação, nem heróis. Nas narrativas de bares e boleros, revela-se o escritor que, ao invés de se resignar à hipocrisia do cartão-postal, percorreu as vísceras de uma Curitiba perturbadora, à margem.
Em cena, a parceria entre a Selvática Ações Artísticas e O Estábulo de Luxo escarrou, sem covardia, a podridão da capital em um espetáculo revolto, envolto em dores e devaneios. Em sua primeira sessão na Curitiba Mostra, nas instalações do Guairacá Cultural, Pinheiros e Precipícios fez com que o público se inquietasse com a inquietude dos traços e tramas de Bueno. Na confusão de putas e demônios, bairros e becos, eis o universo que permeou vida e obra de um dos principais nomes da literatura paranaense.
Dirigido pelo inquieto (no melhor dos sentidos) Ricardo Nolasco, o espetáculo se reveste de simbologia, manifesta em elementos cênicos mais ou menos óbvios. O ritmo das teclas da máquina de escrever, o entrar e sair do armário, as canções de inferninho, os traços quebradiços em giz, o tilintar de moedas, o incômodo riscar da faca, o tombo do pinheiro são opções estéticas que ajudam a reconhecer – se não racionalmente, pelo menos intuitivamente – a aldeia buenista. Junto à performance do elenco principal (com destaque para as atuações de Patricia Saravy, Jeff Bastos e Stéfano Belo) e à onipresença de um coro de bestas-feras, a composição caótica esboça um labirinto que percorre os caminhos da poética tanto de Bueno, quanto da Selvática e d’O Estábulo – talvez, as companhias curitibanas mais creditadas a revirar nossas entranhas com tamanha autenticidade, sem meios-termos. Faz muito sentido que as linhas de Bueno tenham ganhado fôlego dramático pelo sopro de dois grupos que fazem da arte a resistência, o desbunde, a ode à decadência da capital.
A dramaturgia apresenta tramas que ora se alternam, ora se beijam, como o esboço de uma produção literária, como o arquejo de uma vida. Mescladas às passagens biográficas, certas paisagens de Bolero’s Bar e Mano, a noite está velha se desenham em uma hora e meia de espetáculo. No precioso texto de Francisco Mallmann, os territórios de Bueno revelam-se ainda mais (in)tensos e lembram que o que está em jogo não é o pinheiro a prumo mas, sim, o seu declínio. O descompasso de uma capital à beira do abismo. O ativismo cênico e literário de artistas que não se curvam à “cidade-modelo”.
Por isso, tão verdadeiros. Wilson Bueno, Selvática e O Estábulo de Luxo. Por isso, tão predestinados. A Curitiba. A essa sórdida Curitiba.

segunda-feira, 21 de março de 2016

QUANDO A TRAGÉDIA GREGA SE ESPALHA PELAS RUAS

Espetáculo convida o público a sair do teatro em busca dos flagelos de Édipo



O diretor Darlei Fernandes como Corifeu, o "chefe do Coro", em cena de "Édipo_2: Párodo". Foto: Akio Garmatter/Divulgação.

A Companhia Subjétil volta às ruas da cidade para apresentar “Édipo_2: Párodo”, em cartaz na Mostra Fringe do Festival de Teatro de Curitiba nos dias 23 e 25 de março. O espetáculo convida o público a sair da condição de espectador e seguir um percurso de performances potentes por ruas do São Francisco, setor histórico da capital.
A proposta artística do diretor Darlei Fernandes é abordar o discurso e a função do Coro Trágico como foco principal do evento cênico, a partir do mito e da estrutura dramatúrgica das tragédias gregas. Partindo do Teatro Novelas Curitibanas, os artistas Carol Damião, Daniele Cristyne e Ricardo Nolasco desconstroem a tragédia ideal em busca dos flagelos do filho de Jocasta em quase duas horas de errâncias pela região. Entre a primeira cena e o êxodo, o trajeto contempla pelo menos doze pontos do bairro, dentre os quais a Praça Odilon Mader e o Reservatório do Alto São Francisco.
Pensar Édipo é reexplorar a cidade e entendê-la como um corpo amorfo que cresce e se molda ao seu coro de vozes dissonantes. Não se trata de mais uma releitura da história de Sófocles. Trata-se de uma procura pelo herói – embora, desde o começo do espetáculo, sejamos avisados de que “Édipo não está e nem virá”.
No ano passado, quando em cartaz na Mostra Drama_1, promovida pela Companhia de Bife Seco, assisti ao espetáculo e escrevi algumas ruminações sobre ele n'A Escotilha (leia aqui). Dentre o que mais me chamou atenção à época, pontuei o seguinte:

"Cabe ressaltar o quanto a região em que a trama se estabelece é decisiva na composição não apenas do cenário, como, sobretudo, da dramaturgia. O conflito proposto por Édipo_2: Párodo funciona, dentre outras coisas, porque traz à cena o bairro-símbolo da divergência ideológica na cidade, a ambiguidade edípica por excelência. Eis um São Francisco que suscita pena e, ao mesmo tempo, encanto. Belo em sua podridão obscura; triste à sombra dos palacetes e discursos moralistas. O orgulho e a vergonha da “urbe-projeto-esgotado”. Um São Francisco esposa e mãe. Gozo e leite".

"Fora Cunha": as incoerências do cenário político nacional farão parte dos textos da peça. Foto: Akio Garmatter/Divulgação.


Para esta temporada no Fringe, a Subjétil promete atualizar a dramaturgia do espetáculo, levando em conta, sobretudo, o atual e conturbado momento político pelo qual o país atravessa. As divergências ideológicas, hasteadas em bandeiras rivais e inflamadas em discursos de amor e ódio, remontam à contradição edípica por excelência. Mais um motivo para conferir este transgressor trabalho da companhia curitibana.
Fundada em 2007 por Fernandes, a Subjétil tem em seus trabalhos a pesquisa de criação cênica em diálogo com a performance, a dança e a arquitetura. Os espetáculos do grupo curitibano são reconhecidos pelo abandono do palco tradicional e das salas teatrais para a invasão do espaço urbano. Em 2010, estreou “Édipo: Prológo”, onde explorava, além do mito, a história da arquitetura da região no entorno do teatro. Neste novo trabalho, Édipo retorna como tema de pesquisa, mas agora sob o olhar do Coro, ou seja, do povo da cidade.
“Édipo_2: Párodo” tem entrada franca. Recomenda-se ao público usar roupas e sapatos confortáveis e levar guarda-chuva, se necessário.

Serviço
Companhia Subjétil
23 e 25 de Março (quarta e sexta), às 18h
Teatro Novelas Curitibanas
Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1222

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

LEITURAS DE 2015, UM ANO EM 9278 PÁGINAS

Não atingi, nem dobrei a meta. Mas deu pra ler coisa pra caramba no desafio dos 50 livros



Foto: Daniele Cristyne.


"Um dia antes de que 2014 escapasse para sempre e em meio às promessas para o porvir, estabeleci uma resolução um tanto audaciosa comigo mesma. Mais do que um objetivo pragmático, tratou-se de uma missão que julgo transcendente: a de ler, ao longo de 2015, pelo menos cinquenta livros – e não tons de cinza".
Essa história tornou-se conhecida em 30 de março, dia em que A Escotilha, excelente proposta de jornalismo cultural de Curitiba, foi ao ar. Fui parar na equipe de colaboradores a convite dos editores e amigos Alejandro Mercado e Maura Martins. Eles leram uma publicação no Twitter em que comentei sobre essa história de cinquenta títulos em um ano e acharam que seria bacana compartilhar minhas experiências de leitura com o público do portal que estava para ser inaugurado. 



Assim, fui presenteada com a coluna Contracapa, na qual eu escreveria não apenas a respeito de livros e suas tramas, mas, principalmente, sobre os meus percursos e processos de leitura. Um espaço, enfim, sobre travessias, devaneios e ruminações.
A partir da primeira publicação no site, intitulada "Contracapa: o desafio dos 50 livros" (leia aqui), o desafio tornou-se ainda mais sério. Agora que a meta era conhecida por muitas pessoas, eu tinha mais é que me dedicar a cumpri-la - ou a parada ficaria muito feia pro meu lado.
Acontece que, transcorridos 12 meses, eu admito que não atingi o objetivo; não consegui ler os cinquenta livros a que tinha me disposto. Em minha defesa, posso dizer que a tentativa, ainda que fracassada, foi ao menos determinada. Sincera. E, sim, muito produtiva.
Foram 40 leituras ao longo de 2015, das quais 35 válidas nos critérios que eu mesma estipulei nesse desafio (a lista completa segue no final deste post). O ano correu no ritmo das 9278 páginas das obras lidas, entre quadrinhos, contos, crônicas, poemas e, principalmente, romances; produções de 31 autores diferentes (25 homens e seis mulheres), vindos das Américas do Norte, Central e do Sul, além de Europa e África. Descobri as agruras mexicanas, o claustro de um convento na Colômbia, o horror das ditaduras da República Dominicana, de Marrocos e da Alemanha Nazista, um mundo pré e pós computadorizado no Chile, o buriti e as veredas do grande sertão brasileiro, as cenas cinzas da Curitiba que viajo. E olha que eu nem saí do meu sofá.


    Mesmo que o eldorado não tenha sido tocado, o número que alcancei não deixa de ser expressivo: noves fora, a média final chegou a três livros por mês (ou 25 páginas por dia). O que importa, no entanto, não são as cifras, mas o sabor literário daquilo que foi contemplado. É aí que o feito, mesmo que incompleto, ganha valor genuíno para mim: eu não me enganaria ao dizer que trinta das minhas leituras foram ótimas em alguma medida. 
Com isso, encontrei certa dificuldade em elaborar uma lista sobre quais teriam sido as melhores leituras deste ano. Isso porque o que torna um livro inesquecível não se resume à trama, à construção e à fluidez narrativa, ao estilo ou ao valor literário, mas engloba tanto as particularidades intrínsecas ao texto quanto as características de cada leitor - bagagem literária, referências socioculturais, carga de experiências, memórias afetivas, estado de espírito. 
Fui obrigada, então, a elencar algumas categorias para qualificar os livros em diferentes aspectos - alguns mais mensuráveis, outros totalmente subjetivos. Assim, consegui abarcar livros que, ainda que muito bons em alguns pontos, deixariam de ser citados/lembrados se o critério fosse apenas "os melhores" - e, afinal, o que é melhor ou pior quando falamos em arte?

Eis, portanto, os meus destaques de 2015:


Os bonitões
1) O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez (WMF Martins Fontes)

















2) Bonsai (Cosac Naify)
3) a máquina de fazer espanhóis (Cosac Naify)
   O Filho de Mil Homens (Cosac Naify)¹


Os gigantes pela própria natureza
1) Harry Potter e a Ordem da Fênix (704 páginas)
2) Grande Sertão: Veredas (624 páginas)
3) Harry Potter e o Cálice de Fogo (536 páginas)


Rápidos, rasteiros e potentes
1) O mistério da prostituta japonesa & Mimi-Nashi-Oichi (18 páginas)
2) Festa no Covil (96 páginas)
3) Bonsai (96 páginas)


Frescor literário
1) a máquina de fazer espanhóis (leia a crítica)
   Bonsai (leia a crítica)
2) A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao (leia a crítica)
3) A Visita Cruel do Tempo (leia a crítica)


Pancadaria literária
1) a máquina de fazer espanhóis
2) Mano, a noite está velha
3) Desonra 

  • Hors concour - Grande Sertão: Veredas

Melhores tramas
1) A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao
   Eu, Malika Oufkir, Prisioneira do Rei
2) A Visita Cruel do Tempo
   Clube da Luta
3) O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez

  • Hors concour - Grande Sertão: Veredas

Melhores leituras
1) Grande Sertão: Veredas
2) a máquina de fazer espanhóis
   Festa no Covil (leia a crítica)
3) Desonra (leia a crítica)
   O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez


Melhores releituras
1) Grande Sertão: Veredas
2) A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao
3) Ultralyrics


Não indico nem a pau
1) Vinte mil léguas submarinas (Adaptação de Walcyr Carrasco) – 1 estrela
2) A biografia de Torquato Neto – 2 estrelas
3) Harry Potter e a Ordem da Fênix - 3 estrelas


Enfim, pelo menos nas leituras, 2015 foi um ano excelente. Não li muitos clássicos, é verdade, mas consegui equacionar alguns déficits do meu repertório literário (literatura contemporânea, literatura infantojuvenil, literatura paranaense). Para o ano que vem, já tenho alguns planos em mente (Ulysses é o principal deles!), mas a meta fica em aberto. Assim, quando eu alcançá-la, quem sabe não poderei dobrá-la?²

#leiacomigo



LEITURAS DE 2015:
Literatura (29) - A biografia de Torquato Neto - Toninho Vaz * Nelson Triunfo – Do sertão ao Hip-Hop - Gilberto Yoshinaga * Eu, Malika Oufkir, prisioneira do rei - Malika Oufkir e Michèle Fitoussi * A Trama do Casamento - Jeffrey Eugenides * Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos * Se Vivêssemos em um Lugar Normal - Juan Pablo Villalobos * A Visita Cruel do Tempo - Jennifer Egan * O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman * A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao - Junot Díaz * a máquina de fazer espanhóis - Valter Hugo Mãe * O Filho de Mil Homens - Valter Hugo Mãe * Bonsai - Alejandro Zambra * Desonra - J.M. Coetzee * Lincha Tarado - Dalton Trevisan * Como eu se fiz por si mesmo - Jamil Snege * A Nona Cartada - João Batista de Pilar * Ultralyrics - Marcos Prado * A Rainha Vermelha - Victoria Aveyard * Harry Potter e o Cálice de FogoJ.K. Rowling * Grande Sertão: Veredas - João Guimarães Rosa * Vinte Mil Léguas Submarinas - Julio Verne (adaptação de Walcyr Carrasco) * Mano, a noite está velha - Wilson Bueno * Do amor e outros demônios - Gabriel Garcia Marquez * O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez - J.R.R. Tolkien * Meus Documentos - Alejandro Zambra * Harry Potter e a Ordem da Fênix - J.K. Rowling * O Mistério da Prostituta Japonesa & Mimi-Nashi-Oichi - Valêncio Xavier * O Grande Gatsby - Franz Scott Fitzgerald * Clube da Luta - Chuck Palahniuk. Outras linguagens (6) - Maus: a história de um sobrevivente - Art Spiegelman * Ópera da Lua – Osgêmeos Vigor Mortis Comics - Paulo Biscaia Filho, José Aguiar e DW Ribatski * Songbook Paulo Leminski - Paulo Leminski/Estrela Leminski * Esperando Godot - Samuel Beckett * Eles não usam Black-Tie - Gianfrancesco Guarnieri.



¹: R.I.P. Cosac Naify. ♥
²: O contra desta capa representa uma bravata: leia mais.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A RELEITURA DE CURITIBA


  
Por circunstância da qual pouco lembro, dia desses precisei deslocar-me das cercanias do Juvevê para os prados do Bairro Novo B. Rumo ao até então desconhecido, pensei, naquela manhã, estar vivendo uma legítima expedição de descobrimento: partira de uma Curitiba familiar em direção a uma que a mim era distante, embora tão próxima a tantos outros conterrâneos. A campanha foi longa – digna dos tropeiros! -, entre bocejos, páginas de um livro, três ou quatro linhas de ônibus e reflexões sobre a cidade em que nasci, vivo e redescubro a cada dia, rua e morador.
Distraída com as paisagens estampadas por trás da vidraça rabiscada, a sensação era a de estar diante de uma improvável Curitiba nova. Sim, improvável; ora, não poderia ser novo o meu berço gentil! Mas, assim como ocorre desde que criei minha primeira noção de cidade, lá nos idos dos 300 anos, a terra das Araucárias e dos vampiros despiu-se novamente e revelou-se outra. Ou melhor, também outra. Afinal, Curitiba é uma e diferente a cada descobrimento.
E descobrimento é, se não, uma nova possibilidade de leitura. Ao invés de descobrir, naquela manhã eu, em verdade, reli Curitiba. Assim como a releio em Trevisan, Xavier e Leminski. Assim como a reinterpreto em todo terminal, parque, boteco ou ladrilho da XV. A ideia que sustentamos a respeito de algum lugar pode ser remodelada à medida que damos vazão para outras interpretações possíveis, a partir das novas experiências.  
O desafio reside em permitir-se abrir espaço para revelações quando o olhar está viciado nos julgamentos e soluções simplistas e pouco inspiradores. Remédio não-paliativo para a vista mundana é o exercício contínuo e indelével da leitura; de livros, de filmes, da cidade, de gente, da gente.
Ler – seja lá qual for o objeto a ser decifrado (de Dostoievski ao Osternack) - não apenas cria e fortalece o repertório cultural ou literário de cada um. Ler também provoca novas e, muitas vezes, dantes improváveis perspectivas de interpretação, dilatando as retinas do olhar condicionado ao comum e voltando-as a vieses sutis de análise de, por exemplo, fatos cotidianos, relações sociais, conjunturas históricas e políticas, entre outros.
A metafórica dilatação das perspectivas do olhar, possível a partir da relação íntima com a literatura e com as artes em geral, enriquece as possibilidades de interpretação do mundo e dos múltiplos universos nele contidos. No caso dos amantes de polaquinhas e catataus, o contato com o fabuloso derruba preconceitos e potencializa a releitura da Curitiba perdida e das diversas cidades nela escondidas. No caminho de norte a sul, o ledor simplista apenas julga o rincão distante; o leitor, fruto dos livros e da vida, redescobre a cidade.
Quando leitores são tropeiros em busca de novos horizontes, debruçar-se sobre as linhas vertiginosas da literatura e imbuir-se dos prazeres da leitura são expedições de descobrimento.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A CATARSE HERMANA EM CURITIBA

Em noite inspirada, quarteto toca os grandes sucessos e arrebata a multidão



Antes tarde do que ainda mais tarde, decidi registrar minhas impressões sobre a mais do que esperada e já memorável apresentação do Los Hermanos no festival Lupaluna, em Curitiba, na última sexta-feira (18). Ou melhor: no irromper da madrugada de sábado (19), pois passava da meia-noite quando os músicos subiram ao palco LunaStage para levar ao delírio os milhares de fãs saudosos da banda, que não se apresentava na capital paranaense desde 2006.
         Embora eu tenha evitado conferir o setlist que rolou nas outras cidades pelas quais a turnê em comemoração aos 15 anos de trajetória dos Hermanos até então tinha passado, não resisti à tentação de passar a tarde de sexta ouvindo o registro do show na Fundição Progresso (Sony BMG, 2007). Com isso, acabei meio que prevendo o repertório reservado para o show no Bioparque – afinal, ainda que se concentre no álbum 4 (Sony BMG, 2005), a seleção do dvd resume bem a história musical do bloco de Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba.
         Apesar da minha torcida (que, em si, já esperava por uma noite, no mínimo, inesquecível), eu não imaginava que o show seria ainda mais surreal do que as minhas expectativas – sem exagero. O Los Hermanos correspondeu à devoção apaixonada da plateia, que não precisou de mais do que os dois primeiros acordes de “O Vencedor” para deixar claro que acompanharia a banda por toda a apresentação, mesmo sob o frio e o sereno curitibanos.
         Depois de um hiato que se prolongava desde a última apresentação dos barbudos, no festival SWU, em 2010, o grupo se mostrou entrosado e muito afim de estar ali, tocando e curtindo a noite, o público e as músicas. A seleção do repertório, os acordes afinados e a dedicação em fazer um bom show consolidaram ainda mais o pensamento de que eu estava diante de um concerto ímpar.

Depois de quase seis anos sem tocar na capital paranaense, o Los Hermanos voltou a Curitiba para fazer uma apresentação memorável. Foto: Lupaluna 2012 (Divulgação)

         Ao todo, foram 19 canções executadas, acompanhadas pelos músicos de apoio (Bubu: trompete; Mauro Zacharias: trombone; Índio: saxofone e clarineta e Gabriel Bubu: baixo, guitarra e voz) e cantadas em uníssono pelo público. Com oito de suas 15 faixas, não foi de se espantar que o álbum Ventura (BMG, 2003) tenha dominado o setlist apresentado no show de Curitiba (o mais curto da turnê, diga-se), afinal é considerado por muitos fãs – inclusive por mim – o mais completo da banda.
         A surpresa (ou nem tão surpresa assim, vide o próprio Fundição Progresso) foi a execução de quatro canções em sequência do álbum de estreia, Los Hermanos (Abril Music, 1999), iniciada pelo megahit “Anna Julia” - que catapultou o quarteto no cenário musical brasileiro e que, durante algum tempo, fora deixada de lado pelo grupo. De Bloco do Eu Sozinho (Abril Music, 2001) e 4, apenas os clássicos: “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, “A Flor” e Sentimental (senti falta de "Casa Pré-Fabricada"); “O Vento”, “Morena” e “Condicional”, respectivamente. E antes que pensem que eu errei nas contas, na sequência das introspectivas rolou “Descoberta”, também do primeiro álbum.
         Dentre tantos momentos marcantes no show do Los Hermanos, eu destacaria os já tradicionais confetes e serpentinas que voaram tão logo Camelo entoou os versos do melancólico fim do carnaval, a catarse coletiva em “Sentimental”, “Conversa de Botas Batidas” e "Último Romance" e o momento em que Rodrigo Amarante pulou do palco para, junto aos fãs, cantar “Quem Sabe”. Apoteótico! Isso sem deixar de citar a cumplicidade entre a dupla de compositores e vocalistas, seja trocando olhares, notas e sorrisos, seja interagindo entre si e com os outros integrantes, o baterista Barba e o tecladista Medina (que, em seu twitter, chegou a lamentar a distância do público em relação ao palco).

Bruno Medina (no detalhe), o "quinto hermano" Gabriel Bubu, Camelo - em uma das músicas em que toca baixo - e Amarante no vocal. Foto: Lupaluna 2012 (Divulgação)

         Tenho a impressão de que a apresentação dos Hermanos apesar de curta foi a melhor do festival e olha que eles pouco interagiram com o público. E digo isso não apenas por razões pessoais e "catárticas"; o espetáculo foi musicalmente impecável, além de surreal para os fãs. Ao final de apenas 1h15 de show, ficou a certeza de que a maioria dos espectadores da plateia do LunaStage esteve ali para acompanhar o quarteto, talvez a banda mais representativa do rock brasileiro da década de 2000. Ficou, ainda, a sensação de que esse será um daqueles shows inesquecíveis na vida de quem a ele assistiu. E cantou. E pulou. E se emocionou. "Assim é que se faz"!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

RUBEM FONSECA E O SEU EXTERMINADOR


Por Anna Carolina Azevedo


O Exterminador, texto do mineiro de alma carioca Rubem Fonseca, é, sem dúvidas, um exemplar bastante característico das verves temática e estilística do autor.


É preciso enfatizar, antes de qualquer análise textual - formalista ou exegética -, que Fonseca redige esse conto em um contexto de forte censura e cerceamento à produção cultural brasileira. Nesse cenário de pouca ou quase nenhuma liberdade intelectual, uma das formas que a literatura encontra para abordar questões polêmicas - das quais não se podia tratar abertamente, sob pena de repreensão - é o uso de ficções alegóricas, repletas de crítica, ironia e humor negro. É a esse tipo de recurso que o autor recorre no enredo de O Exterminador para tratar, ainda que por meio de uma representação, de certa forma, simbólica, sobre a violência que se instaurara no Brasil às vésperas do Ato Inconstitucional 5 (o qual entraria em vigor no fim de 1968, no governo Costa e Silva).
Sob a ótica de um narrador onisciente – que conhece, portanto, todos os detalhes e vieses da trama -, O Exterminador revela uma visão pessimista de um futuro não-datado (que se infere a partir de passagens como “era tão elaborado quanto o dos antigos astronautas”), em que a violência e a crueldade tornaram-se banais. Considerando o fato de que foi escrito durante o período mais cruel da ditadura militar, pode-se dizer que o texto é uma alegoria, que dialoga com o gênero da ficção científica, de situações de brutalidade que ocorriam naquele período de turbulência decorrente da opressão militar e da reação a ela.
O conto, nesse sentido, é extremamente crítico quanto à questão da violência latente. Mas o interessante é que o autor, no entanto, não escorrega na armadilha do pieguismo apelativo e sensacionalista da maioria dos relatos de torturas da época. N'O Exterminador de Rubem Fonseca, não há a necessidade de ser mais apelativo do que aquela perspectiva de realidade que, em si, já causa choque. Pelo contrário: é o afastamento emocional que suscita o efeito de desconforto no leitor. A indiferença à violência choca.
Fonseca vale-se de um realismo mórbido - que, em sua obra, chega a ser atraente - para narrar sequências inseridas numa estrutura de narrativa policial. O foco narrativo articula-se em terceira pessoa, na figura de um narrador impessoal e objetivo. As atividades dos dois lados do confronto – comando militar e os exterminadores (uma espécie de comando civil) - são descritas, mas não há juízo de valor sobre os personagens. Essa imparcialidade, aliás, sugere a leitura crítica de que qualquer tipo de manifestação violenta é absurda, independente da bandeira que se pretende defender.
A banalização da morte, representada de maneira hiperbólica e explícita, pode ser considerada, além de uma crítica à própria violência da época dos confrontos da ditadura, também uma condenação/oposição ao discurso da mídia sensacionalista que, ao contrário da objetividade de Fonseca, dilacerava as histórias violentas em detalhes grotescos e sanguinários, como se a tragicidade do episódio não bastasse. Aliás, sob esse aspecto, pode-se até definir O Exterminador - também publicado em  O conto brasileiro contemporâneo, de Alfredo Bosi (Cultrix, 2006) - como brutalista quanto ao assunto abordado, mas não em relação à maneira de tratá-lo.
Quanto aos personagens, nenhum possui descrições detalhadas e não se pode afirmar o que pensam ou sentem. De tal modo, nenhum deles é passível de culpa ou remorso. O protagonista, Exterminador R., é caracterizado tão somente por suas habilidades (seja com a arma ou na facilidade em assumir qualquer papel, por exemplo). O distanciamento confere frieza à narrativa. 

1 O Exterminador colocou a automática num coldre especial nas costas, logo acima da região glútea. A arma ficava deitada, o cabo para a direita ou para a esquerda, indiferentemente: o Exterminador atirava com as duas mãos. Com incrível rapidez, o Exterminador sacou a sua 54 Superchata, apontando-a para o peito do Cacique. O Cacique nem piscou. 

A estrutura do texto é um pastiche de uma descrição oficial, tal qual um delegado responsável o estivesse narrando a um escrivão. O vocabulário técnico utilizado lembra um boletim de investigação e o uso insistente de siglas nos diálogos pode até sugerir a impressão de que os personagens não querem que leigos compreendam o que estão dizendo. A pulverização das siglas ao longo do texto aponta para uma ridicularização crítica do autor quanto à presença excessiva delas nos discursos oficiais, policiais e até jornalísticos no período da ditadura militar. E Fonseca tem calibre para tal: o autor trabalhou durante algum tempo na Polícia do Estado do Rio de Janeiro; experiência que lhe rendeu a familiaridade com os assuntos dos gabinetes dos distritos policiais e, principalmente, a habilidade em parodiar um discurso em que foi escolado.
No conto, DEUS é uma sigla para um dito “Departamento Especial Unificado de Segurança”, GASPAR é abreviação para “Gás Paralisante” e IE-IE-IE significa “Irritante Epidérmico Triplo Concentrado” – tiradas claras em relação à igreja, à política e à cultura. Em um ambiente tão criptografado e repleto por mensagens codificadas, nem os próprios usuários das siglas saberiam mais o que é vocábulo, o que é sigla e o que é significado – quanto mais os leigos; circunstância não muito diferente da falta de ordem e de clareza dos discursos oficiais do fim da década de 60, um período obscuro da História do Brasil. Fonseca, imbuído de frieza e ironia típicas à sua literatura, soube criticar o caos social e intelectual de maneira tão certeira quanto o Exterminador R. com a sua 54 Superchata.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O DIA EM QUE CURITIBA TREMEU

Livro relembra a explosão do caminhão de dinamite



Uma tragédia que muitos curitibanos não conhecem. Uma história, no mínimo, explosiva. O dia era dois de setembro de 1976. Um caminhão que transportava dinamite explodiu em Curitiba. Da explosão, eclodiram prejuízos, feridos e mortos nas redondezas dos bairros Cabral, Juvevê e Ahú.

Depois de mais de três décadas em quase esquecimento, a detonação da dinamite e a narrativa de seus envolvidos estão agora retratados em Dinamite – Uma tragédia em Curitiba, livro-reportagem da jornalista Anna Carolina Azevedo. A obra acaba de ser editada e publicada pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC/PR) e será lançada no próximo dia 19 de agosto, nas Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil).

A ideia de Dinamite – Uma tragédia em Curitiba surgiu em 2007, quando Anna Carolina ouviu, por acaso, uma conversa cujo assunto era um tal de “o dia do cogumelo”. O tema instigou a autora que, a partir de então, passou a pesquisar a respeito da explosão. A apuração sobre a tragédia curitibana resultou em um projeto de livro-reportagem, defendido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Comunicação Social - Jornalismo, em 2008.

“O resultado obtido por Anna Carolina é muito satisfatório porque seu trabalho se funda em uma apuração muito rigorosa, utilizando métodos investigativos e literários raros nos dias atuais. Além disso, consegue construir um retrato rico da cidade de Curitiba à época da explosão”, afirma Maura Oliveira Martins, coordenadora do curso de Jornalismo da UniBrasil e orientadora do TCC.

Anna Carolina comenta que o objetivo da publicação é o de rememorar um episódio importante para a cidade, mas que estava relegado à lembrança de uma geração passada. “A explosão sensibilizou a população décadas atrás. No entanto, a maioria das pessoas hoje aqui residentes não tem referências mínimas sobre ela ou mesmo a desconhecem”, explica.

Para noticiar a tragédia, a autora narrou a sequência dos fatos que culminariam na explosão, esboçando um retrato do que aconteceu antes e após o caminhão ter se esvaído pelos ares e daquilo que as pessoas estavam fazendo na hora do acidente. Toda a narrativa está descrita sob o pano de fundo do contexto histórico-social da Curitiba de meados da década de 70.

A partir da pesquisa – a qual se desdobrou das consultas aos jornais da época às andanças pelas ruas -, foi possível esboçar o retrato de um dos principais eventos trágicos ocorridos na cidade. As descobertas resultaram em uma produção jornalística que apresenta ao público-leitor um panorama do que ocorreu naquela (não tão) distante tarde de quinta-feira de 76. O dia em que Curitiba tremeu.


Palestra
Além de fazer uma abordagem sobre o livro, a jornalista falará também sobre as processualidades que envolveram concepção, produção e viabilização de um projeto que obteve resultados para além do âmbito acadêmico. “Acredito na importância desse tipo de relato aos alunos que estão produzindo seus projetos experimentais, pois reflete etapas pelas quais todos passam quando da elaboração de um TCC”, completa Maura.

Dinamite – Uma tragédia em Curitiba estará à venda na ocasião do lançamento.






















A jornalista Anna Carolina Azevedo, 24, lançará seu livro na UniBrasil.